sexta-feira, 10 de novembro de 2017



Fonte:
http://www.greenpeace.org/brasil/pt/O-que-fazemos/agricultura-alimentacao/



Um modelo esgotado

Há vinte anos, o Greenpeace expõe e questiona o modelo agrícola praticado no Brasil. As sementes transgênicas, os agrotóxicos, a expansão da agropecuária sobre a Amazônia e os impactos climáticos da nossa produção comprometem o futuro da nossa alimentação e do planeta. Não temos escolha: é urgente e necessária a mudança para uma outra agricultura, que produza alimentos de maneira ecológica e socialmente justa, para cidadãos cada vez mais preocupados com sua saúde e a saúde do planeta.

O modelo global de produção, distribuição e consumo de alimentos precisa ser revisto, e com urgência. No mundo, quase 800 milhões de pessoas ainda passam fome, enquanto a obesidade e o sobrepeso atingem 1,9 bilhão de pessoas. De fato, nunca produzimos tanta comida, ao passo que o futuro desta produção nunca foi tão incerto – o uso intensivo de agrotóxicos e de recursos naturais (solo e água, por exemplo), a expansão da fronteira sobre matas nativas e a enorme contribuição da agropecuária para as mudanças do clima colocam em xeque esse modelo insustentável e desigual.

O Brasil é um país simbólico, tanto do ponto de vista do problema quanto de sua solução. Por aqui, a produção convencional cresceu exponencialmente ao longo das últimas décadas, via de regra esgotando recursos naturais que garantem a própria sustentação das lavouras. A agropecuária brasileira é a campeã mundial em uso de agrotóxicos, representa mais de um terço das emissões nacionais de gases de efeito estufa e é a principal responsável pelo desmatamento da Amazônia e do Cerrado.

Por outro lado, houve grandes avanços na solução agroecológica no Brasil. A despeito deste modelo historicamente receber uma parcela ínfima dos investimentos públicos e privados, estabeleceu-se uma rede ampla de produtores ecológicos que se integram às paisagens, conservam o solo e os mananciais, se adaptam à seca e produzem comida – muita comida. Além disso, a sociedade civil organizada ampliou a pauta agroecológica no Brasil, seja nas políticas para a produção, na oferta de alimentos saudáveis para consumo ou nas compras públicas de alimentos orgânicos. São passos sólidos em direção ao necessário futuro de um novo modelo de produção de alimentos.


Comida envenenada


Produtor aplica agrotóxicos em sua plantação. Atualmente, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. © Ángel Garcia / Greenpeace

Todos nós consumimos agrotóxicos. Eles estão nos alimentos que comemos, na água que bebemos, na roupa que vestimos. A agricultura brasileira é hoje dependente de herbicidas, fungicidas e inseticidas, aplicados com baixo controle e com alto impacto a quem produz e a quem consome. É alarmante que o Brasil seja o país onde mais se aplica agrotóxicos no planeta.


Segundo o último Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxico(PARA), organizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foram detectados resíduos em 67% de todos os alimentos testados – alimentos do nosso dia-a-dia, do nosso almoço e jantar, da sopa das crianças. Das amostras com resíduos, quase 40% contêm agrotóxicos não autorizados ou acima de limites máximos, fato destacado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), que, em nota, se posicionou oficialmente pela produção de alimentos sem agrotóxicos.

No meio ambiente, a aplicação de veneno impacta os solos, as fontes de água, a flora e a fauna ao redor das plantações. A esterilização provocada pelos agrotóxicos causa desequilíbrios ambientais gravíssimos, que aumentam a proliferação de “pragas” e reduzem a produtividade agrícola. Tal cenário provoca o uso de ainda mais produtos químicos, numa espiral insustentável – mas lucrativa para as empresas do ramo. Um exemplo dramático do impacto ambiental dos agrotóxicos é a redução da população de abelhas, responsável pela polinização de 73% das espécies vegetais cultivadas no mundo (incluindo espécies comerciais como o café e a laranja).



Emissões da agropecuária: um tiro no pé


O gado é responsável por boa parte das emissões globais de gases de efeito estufa (© Cheryl-Samantha Owen / Greenpeace)

Segundo o último cálculo disponibilizado no Sistema de Estimativa de Emissão de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima, a agropecuária é responsável por 32% das emissões brasileiras. Considerando que ela é a principal atividade que desmata no Brasil, e que a mudança no uso do solo representa cerca de 42% das emissões, é possível afirmar que a agropecuária brasileira é responsável, direta e indiretamente, por 74% de todas as emissões do País.


Ao longo das últimas décadas, expandimos nossas fronteiras para a produção de carne bovina (sobretudo na Amazônia) e soja e milho para a alimentação animal. O desmatamento, o gás metano produzido pela digestão do gado e a aplicação de adubos e fertilizantes sintéticos nessas culturas lideram o impacto climático da nossa produção.

Por outro lado, a agropecuária é a principal vítima do aquecimento global. Mudanças nos regimes de temperatura e chuva, bem como eventos extremos (como geadas ou secas prolongadas) atingem duramente a produção de alimentos. No Brasil, estima-se que um mundo 2°C mais quente reduzirá, até 2030, a área produtiva de culturas importantes como soja, arroz e feijão, reduzindo a oferta e, portanto, aumentando o preço destes alimentos. A urgência climática nos desafia a mudarmos nossa alimentação.


Do consumo à cidadania: pelo direito de escolha


Diversos restaurantes já servem pratos exclusivamente orgânicos. © Peter Caton / Greenpeace

Antes de escolhermos nossos alimentos em supermercados, feiras livres ou mesmo restaurantes, diversas escolhas foram feitas em nosso nome. Varejistas e grandes marcas de alimento, por sua política de compras; produtores rurais, por meio de suas escolhas de práticas agrícolas; governos, por suas políticas de subsídio, assistência técnica e compras institucionais – todos estes atores definem o que está em nosso prato.


A necessária mudança no modelo de produção de alimentos nos oferece a oportunidade de agir. Como consumidores, mudamos o futuro da nossa alimentação quando escolhemos o que compramos com base em critérios socioambientais, quando observamos a origem e os impactos dos produtos, quando demandamos informação para uma decisão responsável, quando cortamos intermediários e compramos em feiras ou diretamente dos produtores, onde o preço é quase sempre muito menor.

Como cidadãos, podemos cobrar empresas e governos que apostem na solução agroecológica, destinando recursos e promovendo um ambiente de desenvolvimento amplo da agroecologia no Brasil.

O Greenpeace convida a sociedade brasileira a fazer parte deste movimento de construção de um futuro alimentar saudável para as pessoas e o meio ambiente, e justo para quem produz e consome.


Ferreira On 11/10/2017 11:47:00 AM Comentarios LEIA MAIS

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

AGRICULTURA E ALIMENTAÇÃO O futuro em nosso prato



Fonte:
http://www.greenpeace.org/brasil/pt/O-que-fazemos/agricultura-alimentacao/



Um modelo esgotado

Há vinte anos, o Greenpeace expõe e questiona o modelo agrícola praticado no Brasil. As sementes transgênicas, os agrotóxicos, a expansão da agropecuária sobre a Amazônia e os impactos climáticos da nossa produção comprometem o futuro da nossa alimentação e do planeta. Não temos escolha: é urgente e necessária a mudança para uma outra agricultura, que produza alimentos de maneira ecológica e socialmente justa, para cidadãos cada vez mais preocupados com sua saúde e a saúde do planeta.

O modelo global de produção, distribuição e consumo de alimentos precisa ser revisto, e com urgência. No mundo, quase 800 milhões de pessoas ainda passam fome, enquanto a obesidade e o sobrepeso atingem 1,9 bilhão de pessoas. De fato, nunca produzimos tanta comida, ao passo que o futuro desta produção nunca foi tão incerto – o uso intensivo de agrotóxicos e de recursos naturais (solo e água, por exemplo), a expansão da fronteira sobre matas nativas e a enorme contribuição da agropecuária para as mudanças do clima colocam em xeque esse modelo insustentável e desigual.

O Brasil é um país simbólico, tanto do ponto de vista do problema quanto de sua solução. Por aqui, a produção convencional cresceu exponencialmente ao longo das últimas décadas, via de regra esgotando recursos naturais que garantem a própria sustentação das lavouras. A agropecuária brasileira é a campeã mundial em uso de agrotóxicos, representa mais de um terço das emissões nacionais de gases de efeito estufa e é a principal responsável pelo desmatamento da Amazônia e do Cerrado.

Por outro lado, houve grandes avanços na solução agroecológica no Brasil. A despeito deste modelo historicamente receber uma parcela ínfima dos investimentos públicos e privados, estabeleceu-se uma rede ampla de produtores ecológicos que se integram às paisagens, conservam o solo e os mananciais, se adaptam à seca e produzem comida – muita comida. Além disso, a sociedade civil organizada ampliou a pauta agroecológica no Brasil, seja nas políticas para a produção, na oferta de alimentos saudáveis para consumo ou nas compras públicas de alimentos orgânicos. São passos sólidos em direção ao necessário futuro de um novo modelo de produção de alimentos.


Comida envenenada


Produtor aplica agrotóxicos em sua plantação. Atualmente, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. © Ángel Garcia / Greenpeace

Todos nós consumimos agrotóxicos. Eles estão nos alimentos que comemos, na água que bebemos, na roupa que vestimos. A agricultura brasileira é hoje dependente de herbicidas, fungicidas e inseticidas, aplicados com baixo controle e com alto impacto a quem produz e a quem consome. É alarmante que o Brasil seja o país onde mais se aplica agrotóxicos no planeta.


Segundo o último Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxico(PARA), organizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foram detectados resíduos em 67% de todos os alimentos testados – alimentos do nosso dia-a-dia, do nosso almoço e jantar, da sopa das crianças. Das amostras com resíduos, quase 40% contêm agrotóxicos não autorizados ou acima de limites máximos, fato destacado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), que, em nota, se posicionou oficialmente pela produção de alimentos sem agrotóxicos.

No meio ambiente, a aplicação de veneno impacta os solos, as fontes de água, a flora e a fauna ao redor das plantações. A esterilização provocada pelos agrotóxicos causa desequilíbrios ambientais gravíssimos, que aumentam a proliferação de “pragas” e reduzem a produtividade agrícola. Tal cenário provoca o uso de ainda mais produtos químicos, numa espiral insustentável – mas lucrativa para as empresas do ramo. Um exemplo dramático do impacto ambiental dos agrotóxicos é a redução da população de abelhas, responsável pela polinização de 73% das espécies vegetais cultivadas no mundo (incluindo espécies comerciais como o café e a laranja).



Emissões da agropecuária: um tiro no pé


O gado é responsável por boa parte das emissões globais de gases de efeito estufa (© Cheryl-Samantha Owen / Greenpeace)

Segundo o último cálculo disponibilizado no Sistema de Estimativa de Emissão de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima, a agropecuária é responsável por 32% das emissões brasileiras. Considerando que ela é a principal atividade que desmata no Brasil, e que a mudança no uso do solo representa cerca de 42% das emissões, é possível afirmar que a agropecuária brasileira é responsável, direta e indiretamente, por 74% de todas as emissões do País.


Ao longo das últimas décadas, expandimos nossas fronteiras para a produção de carne bovina (sobretudo na Amazônia) e soja e milho para a alimentação animal. O desmatamento, o gás metano produzido pela digestão do gado e a aplicação de adubos e fertilizantes sintéticos nessas culturas lideram o impacto climático da nossa produção.

Por outro lado, a agropecuária é a principal vítima do aquecimento global. Mudanças nos regimes de temperatura e chuva, bem como eventos extremos (como geadas ou secas prolongadas) atingem duramente a produção de alimentos. No Brasil, estima-se que um mundo 2°C mais quente reduzirá, até 2030, a área produtiva de culturas importantes como soja, arroz e feijão, reduzindo a oferta e, portanto, aumentando o preço destes alimentos. A urgência climática nos desafia a mudarmos nossa alimentação.


Do consumo à cidadania: pelo direito de escolha


Diversos restaurantes já servem pratos exclusivamente orgânicos. © Peter Caton / Greenpeace

Antes de escolhermos nossos alimentos em supermercados, feiras livres ou mesmo restaurantes, diversas escolhas foram feitas em nosso nome. Varejistas e grandes marcas de alimento, por sua política de compras; produtores rurais, por meio de suas escolhas de práticas agrícolas; governos, por suas políticas de subsídio, assistência técnica e compras institucionais – todos estes atores definem o que está em nosso prato.


A necessária mudança no modelo de produção de alimentos nos oferece a oportunidade de agir. Como consumidores, mudamos o futuro da nossa alimentação quando escolhemos o que compramos com base em critérios socioambientais, quando observamos a origem e os impactos dos produtos, quando demandamos informação para uma decisão responsável, quando cortamos intermediários e compramos em feiras ou diretamente dos produtores, onde o preço é quase sempre muito menor.

Como cidadãos, podemos cobrar empresas e governos que apostem na solução agroecológica, destinando recursos e promovendo um ambiente de desenvolvimento amplo da agroecologia no Brasil.

O Greenpeace convida a sociedade brasileira a fazer parte deste movimento de construção de um futuro alimentar saudável para as pessoas e o meio ambiente, e justo para quem produz e consome.


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